Uns atavam
minhas mãos, outros os pés, enquanto uns vendavam meus olhos e outros
amordaçavam minha boca... De repente, tudo era só imobilidade, trevas e
perguntas! Perguntas caladas, sufocadas...
Só podia
ouvir. Primeiro mil vozes dissonantes que repetiam a mesma ladainha de mil
formas diferentes, incessantemente, insanamente... Até que o silêncio se fez!
Uma voz
disse: “Acredite em mim e viverás!” Novamente as vozes disformes se repetiam...
só entendia frases, palavras... todas soltas... perdidas... no ar!
“...vida
eterna!”
“...fé!”
“...te ama!”
“...vida
eterna!”
“...não cair em
tentação!”
“...inferno!”
“...fez-se a
luz!”
E fez-se o
silêncio, quase eterno... o desespero e a impotência, se fizeram!
Mãos
invisíveis por toda a parte me puxavam e empurravam em minha escuridão. Para
baixo, para o chão, para a queda... e de joelho me puseram.
E Ele disse:
“Acredite em mim e viverás!”
Ou será que
todos eles disseram... todos juntos... em uma só voz?
“Quero
viver”, pensei.
Pela terceira
vez, as vozes... se repetiam e repetiam e repetiam...
... “tenha
fé!”, “acredite!”, “acreditas?”...
Silêncio.
...
...
...
“Acreditas em
mim?”
Aceno com a
cabeça...afirmativamente... tonta...
“Então
viverás!”
(04-2016)
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