terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O fruto





Talvez não fosse uma serpente...
Talvez fosse uma coruja quem lhe ofereceu aquele fruto. Quem sabe embrulhado para presente em uma linda caixa?! Ou então, um íbis distraído tenha o deixado cair, como as aves deixam cair suas penas...
Pode ser que nem mesmo tenha sido preciso que o fruto lhe caísse na cabeça, para que lá chegasse, mas teria sido pela boca que lá entrou...
Não antes que lhe fosse posto à vista, e que sentisse sua maciez e seu peso em suas mãos...
Nem antes que o doce perfume fosse inspirado pelo seu nariz e que ouvisse o ruído áspero no momento da mordida...
E finamente sentido aquele doce sabor tornar-se amargo retroflexo... começara a entender!

(1º semestre de 2016)

Escolha





Uns atavam minhas mãos, outros os pés, enquanto uns vendavam meus olhos e outros amordaçavam minha boca... De repente, tudo era só imobilidade, trevas e perguntas! Perguntas caladas, sufocadas...
Só podia ouvir. Primeiro mil vozes dissonantes que repetiam a mesma ladainha de mil formas diferentes, incessantemente, insanamente... Até que o silêncio se fez!
Uma voz disse: “Acredite em mim e viverás!” Novamente as vozes disformes se repetiam... só entendia frases, palavras... todas soltas... perdidas... no ar!

“...vida eterna!”
                “...fé!”
                               “...te ama!”
                                               “...vida eterna!”
                               “...não cair em tentação!”
                “...inferno!”
“...fez-se a luz!”

E fez-se o silêncio, quase eterno... o desespero e a impotência, se fizeram!
Mãos invisíveis por toda a parte me puxavam e empurravam em minha escuridão. Para baixo, para o chão, para a queda... e de joelho me puseram.
E Ele disse: “Acredite em mim e viverás!”
Ou será que todos eles disseram... todos juntos... em uma só voz?
“Quero viver”, pensei.
Pela terceira vez, as vozes... se repetiam e repetiam e repetiam...
... “tenha fé!”, “acredite!”, “acreditas?”...
Silêncio.
...
...
...
“Acreditas em mim?”
Aceno com a cabeça...afirmativamente... tonta...
“Então viverás!”


(04-2016)

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Fronteira?



Onde fica a fronteira...do meu corpo quando encontra o teu? Quando os meus olhos encontram os teus? E tua alma me invade... e minha alma, para onde foi?
Onde fica a fronteira...do meu corpo quando encontra o teu? Quando tua voz encontra meus ouvidos? E teu ser entra no meu... e para onde vão?
Onde fica a fronteira... do meu corpo quando encontra o teu? Quando o teu  abraço encontra o meu? E teu amor me invade... e o meu amor...
Onde fica a fronteira... do meu corpo quando encontra o teu? Quando teus pensamentos encontram os meus? E modificam os meus... e os meus...
Onde fica a fronteira... do meu corpo...
Onde fica a fronteira...


(03-2016)