sábado, 19 de julho de 2014

A princesa, a fada e o lechie

à garota do all-star verde (e da eterna mala de matinho)




Era uma vez... outra princesa de outro reino tão distante...
Não, não, NÃO!!! Eu não disse “mais uma”... eu disse outra!!!
    
   Como princesa, Faehalla, não era responsável por ter nascido como tal, foi algo que lhe aconteceu. Todavia, Faehalla não ligava para essas coisas de princesas, palácio e corte...

Claro, que as vezes ela se submetia, por suas amigas, a brincadeiras de bonecas e chás, enquanto faziam as unhas – que roia loucamente – e se maquiavam... ou mesmo, por vezes, a certas convenções sociais, como as grandiosas festas da corte, das quais tinha que participar, como princesa que era...

Mas nada lhe dava mais prazer do que visitar todos aqueles pequenos mundos que os mágicos do reino compactavam em pequenas cápsulas que chamavam de “livros”.  Possuía dezenas deles, cuidadosamente guardados, pois o mínimo dano poderia destruir uma parte significante daquele pequeno universo, e comprometer para sempre a sua (des)ordem!

Sempre que podia, Faehalla escorregava para dentro de um daqueles pequenos mundos, onde ela sabia que podia ser muito mais do que uma simples princesa. E de mundo em mundo... Faehalla acumulava sabedoria e aventuras. Assim, nos livros teria sido uma sacerdotisa das antigas religiões, uma deusa arqueira, um hobbit portador de um anel, ??? e tantas outras coisas mais...

Conforme crescia com essas histórias que vivia, Faehalla descobria que tudo o que ela queria era ser a guardiã daqueles pequenos mundos, para que ninguém jamais pudesse lhes fazer mal. Por isso, assim que pôde a princesa começou a estudar na Universus Formatio Primus Regnum, a única escola do reino que versava sobre a elaboração e preservação dos livros de todos os tipos.

Lá ela aprendia as artes mágicas dos mestres que confeccionaram os mundos que ela percorria, descobriu novos e compreendeu melhor os caminhos pelos quais passou. Graças a seus esforços, ganhou novas e magníficas armas para ajudá-la a caminhar por tantos outros mundos; pois nunca se sabe se os caminhos serão perigosos!

Mas Faehalla não estava mais sozinha em seu infinito amor por aqueles pequenos mundos encantados, que agora percorria e compartilhava com os amigos que com ela estudavam. Dois deles, a fada Anlucciée e o jovem lechie Njoh Oréffisé habitavam a floresta mágica de seu reino, e passaram a sempre acompanhar a bela princesa em suas aventuras dentro e fora dos livros.

E enquanto aprendiam sobre todos aqueles pequenos mundos, se ajudavam e trocavam informações, pois muitas vezes também visitavam, ou já haviam visitado, livros diferentes dos que seus amigos estavam percorrendo.

Além disso, compreendiam cada dia mais o seu próprio mundo! O que os deixava tristes por vezes, é verdade... Mas não porque achassem que aqueles outros mundos fossem melhores... pois sabiam que cada qual tinha suas especificidades...e os valorizavam por isso!!! Só que passavam a perceber que mesmo nos reinos encantados como o deles... haviam coisas sem sentido, coisas que realmente os deixavam tristes...

Por que apenas a fada Anlucciée e a princesa Faehalla podiam voar, e o jovem lechie Njoh Oréffisé não???

Por que apenas os lechies podiam caminhar ocultos pela floresta???

Havia quem dissesse que era da natureza de cada um os poderes que tinham... Mas depois de pensarem sobre tudo o que viram em seu mundo e em todos os outros... depois de pensarem e pensarem... resolveram que não deveriam acreditar em bobagens tão grandes quanto estas!!!

E o que pouca gente sabe... é que sob  o sol  do solstício de verão...quando os dias são mais longos e a natureza comemora... a princesa Faehalla e a fada Anlucciée andam ocultas pela floresta mágica  do reino, pois aprenderam a utilizar o encanto dos lechies... e assim conseguem ver todos os animais que passeiam e celebram neste dia. E que nas noites de lua cheia... o jovem lichie Njoh Oréffisé abre suas asas e voa com o segredo das fadas e princesas, mais alto no céu do que qualquer uma delas, por ter finalmente conseguido se libertar do chão...

Enquanto sonhavam com o dia em que todos poderiam saber como é ter o vento leste tocando suas faces nos vôos noturnos sob o mar, ou ver o pulsar de vida na floresta quando ninguém está olhando para ela... ou todos aqueles pequenos prazeres inestimados que foram permitidos apenas a poucos pelo capricho de alguém... enquanto esse dia permanecia em sonho... os três pensavam sobre o que poderiam fazer para que um dia todos soubessem...

Nesta altura já sabiam que este capricho todo vinha do Rei...e sua Alta Corte... gente muito poderosa por aqueles reinos... e que por falta do que fazer, só pensavam em mandar... Dizia o povo, que certa vez...a Rainha os mandara comer brioches... Tudo o que queriam era comer pão... mas pelo capricho da Rainha em questão, foram todos obrigados a comer brioches... e logo depois o brioche foi banido do reino, ninguém sabe exatamente o porquê! Uns dizem que foi um brioche revoltado que engasgou a Rainha depois dessa decisão desvairada... mas quem vai saber?

E quem iria saber como enfrentar essa gente maluca? Era o que se perguntavam todo o tempo a princesa, a fada e o lechie.

Foi quando numa de suas viagens juntos por um dos seus livros preferidos... Encontraram um velho amigo dos três... um mago que após tomar um belo banho na fonte da juventude... havia ficado branco! Ele estava com pressa, pois precisava ajudar seus amigos que lutavam contra o grande IrrMON, o olho que tudo vê. Mas antes de partir ele lhes contou um segredo poderoso que os ajudaria em seu mundo... que por meio das magias e encantamentos da confecção dos pequenos mundos em cápsulas, poder-se-ia conjurar ensinamentos e banir a ignorância que desejassem... Todavia, o processo poderia parecer lento para jovens como eles... advertia o mago. Pois não bastava o livro ser elaborado, necessitava do empenho do aventureiro... e dos caminhos que percorreria dentro da obra, pois cada ser sentiria cada pequeno mundo de uma forma diferenciada... Mas ainda assim, estas deveriam ser as suas armas... e deveriam buscar nelas as outras, com as quais pudessem se munir.

E quando voltaram... cada qual elaborou um pequeno e singelo mundo... pois ainda estavam aprendendo as artes mágicas dos livros...precisavam se aperfeiçoar e combinaram que continuariam procurando as armas necessárias em todos os mundos que pudessem. E passariam a ensinar a quem conseguissem, sobre o que sabiam... ficavam um pouco tristes quando alguns não podiam compreender que podiam voar, pois lhe haviam dito que iriam cair, e tinham tanto medo da queda que nem percebiam que possuíam longas asas... Mas, nesses momentos, passaram a se lembrar do que o velho sábio lhes havia dito... poderia parecer um longo processo...

                                                      a jovens como eles...

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lechies são espíritos da floresta eslavos...

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