domingo, 22 de julho de 2012
Moral de Sangue
- Então, aí está você! - Foram as palavras que a interromperam, a trouxeram do êxtase sagrado para a escuridão da noite que a cobria.
Agora ela fitava, com seus olhos cor de sangue, aquela criatura que ousava arrancar-lhe de seu grande momento. Deixou que a vítima caísse, despreocupada, enquanto se limpava.
- Há meses tenho tentado encontrar a Criatura que tem profanado minha cidade com cadáveres humanos de seu ritual de sangue!
Ela riu alto.
- Então...você é uma dessas crianças que se alimenta de ratos e se acha melhor do que nós por isso?
- Ao menos não sou um assassino!
Riu novamente.
- Acredita mesmo nisso?
- Claro!
- Você deve ter sido um daqueles humanos arrogantes que se crêem no topo da cadeia, que se acham os melhores da Criação...ou qualquer bobagem dessas! Ahhh... e se deparar com o seu Criador, quase morrer em seus braços, não foi o suficiente para entender a prepotência dessas ideias! - Seu olhar ameaçador fazia com que ele recuasse alguns passos, em vão, pois ela o seguia mantendo a distância inicial. - Pois se foi tolo demais para não ter aprendido nada com essa experiência, volte para teus ratos e pare de me encher! Mas lembre-se de que é tão assassino quanto eu, ou quanto qualquer outro! Você se alimenta de seres vivos como qualquer outro filho da noite! Seres, que como qualquer um de seus queridos humanos, possui o seu lugar na natureza! Então não venha nos incomodar com suas lamentações e autopiedade! Menos ainda com sua bondade hipócrita, que privilegia uma criatura em detrimento de outra, devido a quê? Aparência?
Ele olhava para ela assustado, sem saber o que dizer, mas repetia em seu íntimo "Não, humanos não são como ratos...". Só que ela podia ouvir seus pensamentos.
- Ora, vá embora e fique com sua autopiedade para você! Ninguém liga se como seus ratos! Só não venha para cima de nós com seus discursinhos cheios de falsa moral!
Ela passou por ele e sumiu na noite, deixando-o sozinho com o cadáver de sua vítima, para o qual ele olhava em choque, pensando repetidamente " Não, eles não são como ratos Eu não...eu não sou um assassino...não!"
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