sábado, 25 de agosto de 2012

Madrugada Muda





As madrugadas nas pequenas cidades são silenciosas, sem vivas-almas a transitar por suas ruas ela entra em um estado de quietude e se reveste deu uma aura quase sagrada.

Qualquer um que ouse perambular por suas ruas - quando a escuridão e a quietude se fazem soberanos - torna-se, de certo modo, um/seu profanador. Mas devo admitir que caminhar pelas ruas desertas de uma pequena cidade na calada da noite desperta, em mim, um estranho sentimento de prazer - meu pequeno momento mudo de violação.

É como se, por apenas andar nas ruas, eu me transformasse em transgressora, e é nisto que me transformo ao quebrar a ordem que a noite da cidade impõe.

Profanadora, Violadora, Transgressora.

Uma alma-viva a observar o fluxo noturno da cidade, aquela que ouve o silêncio e vislumbra o vazio das ruas preenchidas de escuridão.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

o "Acaso"



As vezes... eu acho difícil não crer em nada! 
Sabe aqueles momentos em que as coincidências são tão grandes que parecem pecinhas de um quebra-cabeça gigante sendo encaixadas? Ou como se o mundo fosse uma enorme teia onde tudo se conecta de alguma forma?

As vezes é difícil pensar que estes momentos - mais, ou menos, improváveis - são puramente obra do "Acaso".

As vezes é difícil pensar que algo no mundo não passe de um simples "Acaso".

E eu, que nada sei deste tal de "Acaso", pareço ser perseguida por ele...

Assim, foi por puro "Acaso" que um amigo improvável - que conheci em um canto sombrio da internet e que habita em outros lados - e eu descobrimos que conhecíamos um mesmo garoto, por vias diversas (na internet e que morava ainda mais longe de nós...). Evento que não me surpreenderia, se ocorresse dentro da egrégora da pequena cidade onde vivo... E se ao menos essa página parasse por aqui...

Com certeza, este mesmo "Acaso" fez com que eu, num belo dia, encontrasse na Biblioteca a menina que parecia me perseguir através dos livros... A menina, que mais tarde, descobri amiga de um amigo de infância.

E se coincidências não bastassem... 

Foi no cursinho que conheci outra menina - e escolas, sabemos, há aos montes. Tudo bem que ela me parecia familiar... mas não demorou muito para que a encontrasse no ônibus com a menina da Biblioteca...

E como o "Acaso" não age somente em pessoas...

Um dia, quando voltava para a casa, bastou eu virar a cabeça para o lado para que eu descobrisse, não apenas um sebo, mas o livro mais fantasticamente perfeito que poderia aparecer na minha frente na época: "Brumas de Avalon". E tudo por uma simples virada de cabeça, que levou meus olhos diretamente para o livro (de capa pouco chamativa, diga-se de passagem...).

Talvez tenha sido este mesmo "Acaso", que magicamente me levou a assistir a mesma reportagem que mais tarde um amigo de infância comentaria sutilmente comigo, no momento em que descobrimos ter algo em comum (ou mais alguma coisa...).

O mesmo "Acaso" que me trouxe à memória um filme cujo nome não consegui recordar, para que dias depois meu amigo improvável me falasse sobre ele...

Deve ter sido o "Acaso" também que fez com que "Apolo" se apresentasse para "Kassandra"...

O "Acaso" que te põe na festa de aniversário de uma amiga de infância, em que revê uma colega de cursinho...

Aquele mesmo "Acaso" que faz com que duas pessoas, que você conhece por meios tão diferentes quanto a água é do vinho,sejam marcadas nas fotos de uma terceira pessoa (desconhecida por você).

É o "Acaso" que te faz lembrar de uma pessoa com quem a muito não fala, poucos dias antes dela reaparecer...

E claro que o "Acaso" não se resume a estes casos, e imagino o que mas está por vir!
Mas são todos esses "Acasos" que me fazem pensar... e que, as vezes... me fazem desconfiar 
do "Acaso".

sábado, 4 de agosto de 2012

Um mundo cor-de-rosa...




Uma vez eu conheci uma "menininha cor-de-rosa" - ela vestia rosa, suas cortinas e cama eram rosa e queria que tudo mais fosse rosa. E como era menininha,provavelmente não por isso, adorava usar saia e sandália, e não gostava de nada que não fosse assim...Gostava de brincos e de todo o tipo de penduricalhos também!


Que princesinha,não? Não!


Essa menininha tinha uma peculiaridade - que alguns talvez considerem defeito - ela odiava ser vista como "menininha". 


Ora, o que a diferenciava dos "menininhos"? 


Ela queria brincar e se divertir como eles! Não queria ser obrigada a fazer algo, ou deixar de fazer, ´porque a consideravam uma "menininha".


Ela queria era usar rosa enquanto subia em uma árvore, brincava de carrinho ou lutava com vilões imaginários. Ela queria sentar de qualquer jeito, falar palavrão...


E o que ela fez? Fez o que queria, mas o que lhe obrigavam também. Se gostavam ou não, não importava. Não achava justo os meninos poderem e ela não!


Ela foi crescendo, algumas coisas mudaram - substituiu o rosa pelo azul - outras não - continuava a fazer "coisas de menino" também...


E o que aconteceu?


Bem... continuaram a vê-la como uma "menininha", 
o que ela continuava odiando, 
enquanto continuava a fazer "coisas de menino"...


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Porque... tem coisas que parecem eternas...
e eu queria mudar...