As madrugadas nas pequenas cidades são silenciosas, sem vivas-almas a transitar por suas ruas ela entra em um estado de quietude e se reveste deu uma aura quase sagrada.
Qualquer um que ouse perambular por suas ruas - quando a escuridão e a quietude se fazem soberanos - torna-se, de certo modo, um/seu profanador. Mas devo admitir que caminhar pelas ruas desertas de uma pequena cidade na calada da noite desperta, em mim, um estranho sentimento de prazer - meu pequeno momento mudo de violação.
É como se, por apenas andar nas ruas, eu me transformasse em transgressora, e é nisto que me transformo ao quebrar a ordem que a noite da cidade impõe.
Profanadora, Violadora, Transgressora.
Uma alma-viva a observar o fluxo noturno da cidade, aquela que ouve o silêncio e vislumbra o vazio das ruas preenchidas de escuridão.