terça-feira, 21 de julho de 2015

Bellide, o sol das montanhas



Em uma cidadezinha muuuito distante, tão distante que o tempo quase a esqueceu... havia uma pequena montanha, que os habitantes da cidade por algum motivo acreditavam ser a maior de todo o mundo...
E foi lá, no alto daquela pequena montanha, que nasceu uma garotinha cheia de energia e luz como o sol, chamada Bellide.
Enquanto Bellide crescia em meio ao jardim de sua mãe, ela se acostumava a ver toda a cidade lá do alto da montanha e admirar a beleza da imensidão do mundo. Curiosa como era, logo começou a se questionar sobre os mistérios de todos aqueles lugares que podia ver lá de longe, do alto...
Apesar de viver nas alturas, a garotinha tinha a sorte de sempre ser levada por seus pais à cidade, que ficava muito abaixo, quando estes precisavam comprar algo ou visitar seus parentes. Por isso, se acostumou desde cedo às diferentes perspectivas que se pode ter sobre um mesmo mundo. E foi em um desses passeios que Bellide passou a se perguntar também sobre todos aqueles lugares que não poderia ver nem mesmo do alto de sua querida montanha...
Assim que atingiu a idade necessária, ela começou a estudar no colégio das crianças grandes que ficava no centro da pequena cidade, passando a descer todos os dias de sua pequena montanha para as aulas, nas quais aprendia muito sobre o mundo a sua volta, incluindo tudo aquilo que seus olhos não alcançavam nem mesmo do ponto mais alto de sua casa...
Foi nessa época também que ela descobriu uma pequena jóia no meio daquela cidadezinha, como uma pérola escondida entre as conchas de uma ostra: a Biblioteca. Como toda a cidade, esta também era pequena, mas para uma garotinha inteligente e curiosa que apenas estava iniciando a sua incrível jornada... ela era perfeita!!! E quão mais longe ela conseguiria enxergar a partir dos pequenos e empoeirados mundos daquela biblioteca!!! (Falando nisso, também foi por lá que a encontrei e conversamos pela primeira vez... sempre radiante! Mas esta é uma outra história...)
Claro que a esta altura, Bellide já sabia que, ao contrário do que pensavam os habitantes da cidade, a sua montanha não era a maior de todo o mundo – de fato, não estava nem entre as primeiras... Então, ela decidiu que quando crescesse sairia para desbravar montanhas muito mais altas do que aquela onde vivia desde que nascera.
Quando Bellide concluiu seus estudos na escola das crianças grandes, se mudou para uma cidade próxima para continuar seus estudos na Universidade. Foi lá que ela escalou sua segunda montanha, já muito maior que a de sua infância... Mas essa ela não poderia subir e descer com tanta tranquilidade, teve que ir subindo pedacinho por pedacinho...até finalmente chegar ao topo.
Assim, quanto mais aprendia e mais ferramentas seus mestres lhe entregavam mais alto ela conseguia subir naquela nova montanha. Como é normal quando se está aprendendo a escalar, sofreu alguns escorregões e uns arranhões... mas sempre se levantava, sacudia a poeira e continuava seu caminho.
Logo chegou a alturas muito maiores do que sua antiga morada, podendo enxergar um horizonte muito mais amplo e também distinto, uma vez que as duas montanhas, por serem afastadas, não permitiam que ela olhasse para os mesmos lugares. E Bellide que sempre gostou de ter novas perspectivas e aprender, deslumbrava-se com as novas visões do mundo que passava a ter. Por isso, assim que alcançou o topo desta nova montanha ela sabia que uma maior estaria à frente.
Porém, antes de escalar uma montanha ainda maior, seria preciso descer aquela na qual se encontrava... Foi um momento difícil e de alguma tristeza deixar aquela montanha que tinha passado a se o seu porto seguro, mas Bellide corajosamente retornou passo a passo para que com o conhecimento adquirido conseguisse enfrentar sua próxima grande montanha!
Antes mesmo de terminar sua descida, ela já tentava decidir seu destino... mas estava entre duas lindas e enormes montanhas que havia vislumbrado em sua subida... Assim, quando chegou novamente aos pés da sua segunda montanha, sua segunda morada, ela já sabia qual o caminho deveria tomar em rumo aquelas montanhas ainda desconhecidas... deixando a escolha para o destino, ou para a futura Bellide, pois por hora ela teria que enfrentar a sombria Floresta do Desespero...o único caminho conhecido para as montanhas maaais altas!
Mesmo durante o dia a Floresta do Desespero era negra como a noite, escondendo tudo o que de bom ou mau pudesse viver dentro dela. Ainda assim, Bellide a adentrou aos tropeços e com um pouco de medo de se perder naquela escuridão... Mas conforme avançava no interior da floresta, seus olhos se acostumavam e mesmo o caminho sendo um pouco tenebroso com árvores horripilantes, arbustos espinhosos e sons sombrios que ela não sabia de onde vinham... a jovem superava seus temores e seguia transpassando os obstáculos tranquilamente.
Talvez tenha sido ajudada algumas vezes por alguns dos habitantes daquela floresta, pois dizem que lá habitam fadas, duendes e todo o tipo de seres mágicos... que certamente ajudariam alguém que levasse um pouco de energia e luz para um lugar tão sombrio quanto aquele! Mas estes seres não gostam do olhar humano...por isso devem ter preferido observá-la ao longe... e zelar para que nada de mau lhe acontecesse enquanto estivesse na morada deles.
Fato é, que depois de meses Bellide finalmente conseguiu sair daquela terrível floresta, onde pensou que iria se perder... e após seus olhos se acostumarem novamente com a luz do sol... a jovem percebeu que se encontrava aos pés da maior das montanhas que planejara subir! E agora podia perceber que ela era tão alta, que não conseguia enxergar seu topo, que se encontrava muito além das nuvens...
E foi um pouco acanhada que a nossa heroína começou a sua escalada... em silêncio...
Mas logo alcançaria as alturas com as quais já estava acostumada. E de lá, acenaria sorridente para seus amigos, orgulhosa por saber que chegara até ali com alguma facilidade graças aos seus percursos anteriores...
Porém, deveria continuar a escalada se quisesse chegar ao topo!
Enquanto continuava a subir, Bellide se deparou com um imenso Dragão que vivia enrolado naquela montanha como se fosse uma imensa nuvem. Ela ficou um pouco nervosa, pois sabia que não seria uma batalha fácil, mas teria que derrotá-lo para poder passar e alcançar seu objetivo. Assim, tratou de se acalmar e começou a proferir os antigos encantamentos que seus mestres tinham lhe ensinado para momentos como estes! E o Dragão raivoso ouvindo suas palavras também foi se acalmando... até que pegou no sono e ela finalmente pôde continuar sua jornada!

E é mais ou menos por aqui que paramos nossa história, embora ela ainda não tenha terminado! Pois a última vez que consegui avistar nossa querida Bellide... ela estava nas nuvens da montanha, de onde acenava pra todos nós, seus amigos... mas a sua escalada ainda iria continuar... e sabe-se lá quantas montanhas mais ela tem pela frente!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Février



É o tempo da colheita!
Sinto o cheiro de uva no ar
e o milho a fome vem saciar.
É um tempo que a todos deleita!
O Sol toda tarde a aquecer
o frio da chuva do anoitecer.
É o tempo da colheita!
Ouço, na mata, a vida soar
e as flores a ela ornamentar.
É um tempo que a todos deleita! 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Gestantes dos Antigos


     Há algumas semanas passei por uma jovem garota que estava grávida.
     Seu estado gestacional tornava-se evidente pelo volume excessivo que pendia de seu corpo e desenhava-lhe uma curva adicional, não em seu ventre, mas na parte posterior de seu corpo. 
     Entretanto, talvez este não fosse o aspecto mais extraordinário daquela gravidez! Isto porquê a garota estava grávida de um jovem senhor chamado Conhecimento - este que, por sua vez, sempre teve um relacionamento sério com a  Inteligência  e com a Sabedoria, de modo que torna-se difícil especificar a paternidade ou maternidade de uma gravidez como a daquela jovem...
     Apesar da saliência que tornava seu estado visível concentrar-se em suas costas, a criança ou as crianças (impossível determinar) estavam sendo gestadas pela jovem dentro de sua cabeça - assim como um dia a própria Atena fora gestada na cabeça de Zeus. Todavia, tanto os métodos de concepção quanto de parto se diferiam neste caso.
     O mais interessante é que as sementes do Conhecimento-Inteligência-Sabedoria penetravam na cabeça da jovem garota principalmente por seus olhos e ouvidos, podendo por vezes encontrar outros infindáveis meios de entrada. Da mesma maneira, o parto de suas crianças se daria por formas que se diferem das vias ditas normais. Assim como muitos antes dela, aquela jovem garota logo daria a luz a ideias que sairiam por sua boca ou mesmo por suas mãos, mas neste caso seria necessário o auxílio de poderosos instrumentos como papel, caneta, lápis, pena ou pincéis... 
     Outro aspecto importante de ser notado é que as crias do Conhecimento-Inteligência-Sabedoria acabam por se confundir com seu antigo genitor, muitas vezes passando a fazer parte de seu ancestral e ajudando-o a procriar-se nas mentes que permanecem abertas a eles...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Sonhos das Noites de Verão

Dos tempos antigos, veio a celebração,
do auge da União, do casal divino,
da semente gestada no meio verão.
Rituais cumpridos só pela tradição,
porque hoje cada um tem seu destino
e as sementes outros meios de geração...

Também a luta de dois reis festejada,
o velho passando seu lugar ao novo,
a vida que vai ou começa a nova jornada.
Mitos antigos, por eles sou chamada,
de reis faço rainhas, nisto eu renovo.
Mas curta é a vida, maior a estrada...

E os sonhos continuam nas Noites de Verão...

domingo, 2 de novembro de 2014

Vida e Morte



Múltiplo, Um mundo
visto como duas metades
com significados profundos
para tantas verdades!

Aqui, se festeja a Vida!
Quando o Sol fertiliza
a Terra, sua amada querida.

Lá, a Morte é celebrada!
Quando caem os véus da divisa
dos mundos - Tudo e Nada.

sábado, 19 de julho de 2014

A princesa, a fada e o lechie

à garota do all-star verde (e da eterna mala de matinho)




Era uma vez... outra princesa de outro reino tão distante...
Não, não, NÃO!!! Eu não disse “mais uma”... eu disse outra!!!
    
   Como princesa, Faehalla, não era responsável por ter nascido como tal, foi algo que lhe aconteceu. Todavia, Faehalla não ligava para essas coisas de princesas, palácio e corte...

Claro, que as vezes ela se submetia, por suas amigas, a brincadeiras de bonecas e chás, enquanto faziam as unhas – que roia loucamente – e se maquiavam... ou mesmo, por vezes, a certas convenções sociais, como as grandiosas festas da corte, das quais tinha que participar, como princesa que era...

Mas nada lhe dava mais prazer do que visitar todos aqueles pequenos mundos que os mágicos do reino compactavam em pequenas cápsulas que chamavam de “livros”.  Possuía dezenas deles, cuidadosamente guardados, pois o mínimo dano poderia destruir uma parte significante daquele pequeno universo, e comprometer para sempre a sua (des)ordem!

Sempre que podia, Faehalla escorregava para dentro de um daqueles pequenos mundos, onde ela sabia que podia ser muito mais do que uma simples princesa. E de mundo em mundo... Faehalla acumulava sabedoria e aventuras. Assim, nos livros teria sido uma sacerdotisa das antigas religiões, uma deusa arqueira, um hobbit portador de um anel, ??? e tantas outras coisas mais...

Conforme crescia com essas histórias que vivia, Faehalla descobria que tudo o que ela queria era ser a guardiã daqueles pequenos mundos, para que ninguém jamais pudesse lhes fazer mal. Por isso, assim que pôde a princesa começou a estudar na Universus Formatio Primus Regnum, a única escola do reino que versava sobre a elaboração e preservação dos livros de todos os tipos.

Lá ela aprendia as artes mágicas dos mestres que confeccionaram os mundos que ela percorria, descobriu novos e compreendeu melhor os caminhos pelos quais passou. Graças a seus esforços, ganhou novas e magníficas armas para ajudá-la a caminhar por tantos outros mundos; pois nunca se sabe se os caminhos serão perigosos!

Mas Faehalla não estava mais sozinha em seu infinito amor por aqueles pequenos mundos encantados, que agora percorria e compartilhava com os amigos que com ela estudavam. Dois deles, a fada Anlucciée e o jovem lechie Njoh Oréffisé habitavam a floresta mágica de seu reino, e passaram a sempre acompanhar a bela princesa em suas aventuras dentro e fora dos livros.

E enquanto aprendiam sobre todos aqueles pequenos mundos, se ajudavam e trocavam informações, pois muitas vezes também visitavam, ou já haviam visitado, livros diferentes dos que seus amigos estavam percorrendo.

Além disso, compreendiam cada dia mais o seu próprio mundo! O que os deixava tristes por vezes, é verdade... Mas não porque achassem que aqueles outros mundos fossem melhores... pois sabiam que cada qual tinha suas especificidades...e os valorizavam por isso!!! Só que passavam a perceber que mesmo nos reinos encantados como o deles... haviam coisas sem sentido, coisas que realmente os deixavam tristes...

Por que apenas a fada Anlucciée e a princesa Faehalla podiam voar, e o jovem lechie Njoh Oréffisé não???

Por que apenas os lechies podiam caminhar ocultos pela floresta???

Havia quem dissesse que era da natureza de cada um os poderes que tinham... Mas depois de pensarem sobre tudo o que viram em seu mundo e em todos os outros... depois de pensarem e pensarem... resolveram que não deveriam acreditar em bobagens tão grandes quanto estas!!!

E o que pouca gente sabe... é que sob  o sol  do solstício de verão...quando os dias são mais longos e a natureza comemora... a princesa Faehalla e a fada Anlucciée andam ocultas pela floresta mágica  do reino, pois aprenderam a utilizar o encanto dos lechies... e assim conseguem ver todos os animais que passeiam e celebram neste dia. E que nas noites de lua cheia... o jovem lichie Njoh Oréffisé abre suas asas e voa com o segredo das fadas e princesas, mais alto no céu do que qualquer uma delas, por ter finalmente conseguido se libertar do chão...

Enquanto sonhavam com o dia em que todos poderiam saber como é ter o vento leste tocando suas faces nos vôos noturnos sob o mar, ou ver o pulsar de vida na floresta quando ninguém está olhando para ela... ou todos aqueles pequenos prazeres inestimados que foram permitidos apenas a poucos pelo capricho de alguém... enquanto esse dia permanecia em sonho... os três pensavam sobre o que poderiam fazer para que um dia todos soubessem...

Nesta altura já sabiam que este capricho todo vinha do Rei...e sua Alta Corte... gente muito poderosa por aqueles reinos... e que por falta do que fazer, só pensavam em mandar... Dizia o povo, que certa vez...a Rainha os mandara comer brioches... Tudo o que queriam era comer pão... mas pelo capricho da Rainha em questão, foram todos obrigados a comer brioches... e logo depois o brioche foi banido do reino, ninguém sabe exatamente o porquê! Uns dizem que foi um brioche revoltado que engasgou a Rainha depois dessa decisão desvairada... mas quem vai saber?

E quem iria saber como enfrentar essa gente maluca? Era o que se perguntavam todo o tempo a princesa, a fada e o lechie.

Foi quando numa de suas viagens juntos por um dos seus livros preferidos... Encontraram um velho amigo dos três... um mago que após tomar um belo banho na fonte da juventude... havia ficado branco! Ele estava com pressa, pois precisava ajudar seus amigos que lutavam contra o grande IrrMON, o olho que tudo vê. Mas antes de partir ele lhes contou um segredo poderoso que os ajudaria em seu mundo... que por meio das magias e encantamentos da confecção dos pequenos mundos em cápsulas, poder-se-ia conjurar ensinamentos e banir a ignorância que desejassem... Todavia, o processo poderia parecer lento para jovens como eles... advertia o mago. Pois não bastava o livro ser elaborado, necessitava do empenho do aventureiro... e dos caminhos que percorreria dentro da obra, pois cada ser sentiria cada pequeno mundo de uma forma diferenciada... Mas ainda assim, estas deveriam ser as suas armas... e deveriam buscar nelas as outras, com as quais pudessem se munir.

E quando voltaram... cada qual elaborou um pequeno e singelo mundo... pois ainda estavam aprendendo as artes mágicas dos livros...precisavam se aperfeiçoar e combinaram que continuariam procurando as armas necessárias em todos os mundos que pudessem. E passariam a ensinar a quem conseguissem, sobre o que sabiam... ficavam um pouco tristes quando alguns não podiam compreender que podiam voar, pois lhe haviam dito que iriam cair, e tinham tanto medo da queda que nem percebiam que possuíam longas asas... Mas, nesses momentos, passaram a se lembrar do que o velho sábio lhes havia dito... poderia parecer um longo processo...

                                                      a jovens como eles...

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lechies são espíritos da floresta eslavos...

sábado, 21 de junho de 2014

Eterno Recomeço



É mais um início
É uma roda que não para
É um mundo a girar

Outra etapa que passou
Outro ano que passou
Outro passado que retornou

É mais um retorno do sol
É outra etapa da vida
É outro futuro a passar